Falando de Intelectualidade e Ideologia.

No cotidiano, um intelectual é visto como uma pessoa inteligente. Já na parte teórica, ele se caracteriza pela sua posição nas relações sociais. Eles sempre ocupam uma classe auxiliar da que domina, dedicando-se ao trabalho intelectual. Este por sua vez, tem como produto a ideologia. Sendo assim, a intelectualidade por ser uma classe auxiliar da burguesia, produz ideologias que expressam seus interesses. Mas há intelectuais que podem quebrar esse processo, se juntando a setores da sociedade que visam a transformação social, por fazerem parte de divisões mais baixas desta classe. Portanto, a ideologia está relacionada e também inclusa no que se diz respeito a intelectualidade. Para expressar melhor essa afirmação, segue duas citações de determinações que constituem o fenômeno da ideologia, do livro “O que é Ideologia” de Marilena de Souza Chauí: 1) A ideologia é resultado da divisão social do trabalho e, em particular, da separação entre trabalho material/manual e trabalho espiritual/intelectual ; 2) A ideologia é, pois um instrumento de dominação de classe e, como tal, sua origem é a existência da divisão da sociedade em classes contraditórias e em luta. Com base nesses conceitos, podemos ver que, a ideologia está presente no ser intelectual, apesar de possuírem seus interesses próprios, mas ligados aos interesses da classe dominante. E assim, os que dominam continuam dominando os alienados que caem em discursos ideológicos por não conhecerem os acontecimentos da realidade.

Contudo, a diferença entre um intelectual engajado em causas sociais e o intelectual que apenas debate idéias, é que o intelectual engajado se encaixa no problema, não o vê de maneira descomprometida, vive o caso, busca transformação social e não apenas fica preso em seus discursos teóricos e ideológicos. Um bom exemplo, é o filme GARAPA do diretor José Padilha, que expõe a realidade nos dias de hoje contando a história de três famílias que passam fome. Essa representação da dramaturgia da miséria tem a chance de romper a barreira da indiferença e de fazer com que nós espectadores possamos conhecer de perto quem está passando fome. Problema este que, afeta mais de 960 milhões de pessoas no mundo, segundo a ONU.

Enfim, o discurso de José Padilha não é ideológico, pois a intenção de “Garapa” é ver a fome não por uma perspectiva intelectual, mas do ponto de vista dos que têm que viver com ela.

(Priscilla Chiapin)

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